quarta-feira, 29 de julho de 2009

Uma Descoberta Fantástica.

No seguimento da colaboração e apoio ao Projecto de investigação e valorização do património arqueológico de Sesimbra, que teve início em 2007, o CEAE-LPN, no decurso do levantamento topográfico de uma das 27 grutas identificadas com vestígios arqueológicos fez uma descoberta, no mínimo invulgar. No decorrer do levantamento topográfico de uma das grutas que existem na Serra da Azóia, ao recolher dados de uma zona muito estreita que normalmente não se passa, havia uma pequena fenda. Ao espreitar-se para o seu interior reparou-se numa silhueta que parecia não ser rocha e com a ponta dos dedos conseguiu-se alcança-la.

Lentamente se constatou que se tratava de uma tábua com caracteres árabes escritos dos dois lados e… não vale a pena relatar aqui o tamanho que foi a nossa alegria! Por enquanto apenas é possível relatar uma interessante agitação no seio da comunidade científica que se dedica ao estudo específico do al-andaluz, a notícia já corre mundo e já há interessados em tomar a investigação do singular achado. Existem paralelos, em particular no Museu de Beja, no entanto não é conhecida a sua exacta origem nem tradução. De momento apenas é possível partilhar que se trata de uma tábua inscrita nas duas faces com caracteres árabes arcaicos que, tendo em atenção o estilo caligráfico e algumas fórmulas religiosas decifráveis, pode ser enquadrada numa cronologia entre o séc. XI/XII da nossa Era.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Travessia Torca de Tonio – Cueva Cañuela, Espanha.

Partindo da Aldeia de Socueva, no dia 4 de Agosto de 2007, tomamos o mesmo trilho que leva a entrada da mítica Sima del Cueto, para o Macizo de Peña Lavalle, na zona de Arredondo, Cantábria. Saímos da referida Aldeia pelas 12:30h o que se revelou um autêntico martírio, pelo menos para mim. O desnível que tivemos que vencer foi de cerca de 500m para alcançar a entrada da Torca de Tonio a 705m de altitude. A encosta tinha uma inclinação média de 30%, com o sol a bater de chapa, sufocante, e sem uma única sombra para fazer baixar um pouco o calor corporal, pensei mesmo em abandonar a subida.

Chegamos à entrada da Torca de Tonio encaixada numa formidável dolina, a deslocação de ar daí proveniente era admirável.


Trata-se de uma travessia de dificuldade técnica média – alta em que se desceu uma sequência de cerca de 15 poços até se atingir a profundidade de -280m, alcançando-se assim a rede da Cueva Cañuela.

A chegada ao colector da rede Cañuela é facilmente identificada. Segundo os nossos colegas espanhóis, Pep Pujal e Pepe Roig, esta é marcada pela grande sala Olivier Guillaume, a 4ª maior de Espanha, que tem um desnível de mais de 100m!
A partir daí o percurso desenrolou-se por galerias bem grandes onde destaco a galeria de las Sierras, uma conduta de extraordinária beleza pelas suas enormes estalactites que se assemelham a serras, encantadora.

Saímos pela entrada da Cueva Cañuela, a -400m de profundidade, por volta das 20:45h. Não pude ficar indiferente ao aspecto do perfil da sua boca de entrada, é por si só um monumento geológico, encantador!
Saida da Cueva Cañuela.






Passos na História

Torca Tonio

Em 1986, M. António Peral, habitante de Socueva, mostra a entrada ao grupo de espeleólogos franceses do S. C. du CAF que a exploram até aos -228m.

No ano Seguinte as grupos S. C. Paris, G. S. BM e o S. C. du CAF, conseguem passar a diáclase estreita de -100m, por uma via paralela à já conhecida do ano anterior, e a 14 de Agosto, alcançam a sala Guillaume realizando assim a ligação com a Cañuela.

Cueva Cañuela

A Cueva Cañuela é uma cavidade conhecida desde sempre, mas a sua exploração sistemática só aconteceu, pelo Spèlèo-Club de Dijon, em 1959 (Cañón Oeste) e 1967.

A travessia converteu-se numa grande clássica com 2 km de percurso e cerca de 400m de desnível.

A equipa: Pedro Pinto, Joanaz de Melo, Rui Francisco, Pep Pujal, Marília Moura, Tiago Borralho e Pepe Roig.