África é em larga medida um continente praticamente desconhecido no que concerne ao meio subterrâneo. Um pouco por todo o continente, e em particular em Angola, existem fortes indícios de grandeza patrimonial subterrânea.
"Morro maluco"
Com a paz instalada há alguns anos foram criadas as condições básicas para a exploração espeleológica e consequentemente, com o seu êxito, para a revelação do mundo oculto que se esconde em mistério debaixo dos nossos pés, nesta região em particular.
Angola apresenta grandes áreas cársicas como são os casos de Nova Caipemba a Norte e do Planalto da Humpata a sul, no entanto, não existe qualquer base de dados ou listagem sobre o património espeleológico, desconhecendo-se por isso o seu número e qualidade.
Das várias áreas cársicas pesquisadas, a região do planalto da Huíla foi a que mais interesse suscitou por várias razões: o facto de as guerras pouco terem afectado a zona Sudoeste da província, diminuindo em muito o perigo de contacto com minas; o facto da cadeia marginal de montanhas se situar a uma altitude superior a 1000m; o conhecimento de algumas cavidades; e o acolhimento hospitaleiro das suas gentes.
Com base no estudo das áreas cársicas angolanas, encontramos no trabalho realizado pelo Prof. Ilídio do Amaral, “Nota sobre o do planalto da Humpata (Huíla), no Sudoeste de Angola”, a melhor descrição para o nosso esclarecimento. Isto é, nas suas notas, o autor refere os calcários dolomíticos (Silúrico/Câmbrico) do planalto da Humpata, como não sendo formas espectaculares de superfície, em contrapartida as subterrâneas são ricas e variadas. Refere ainda, que a existência de abundantes linhas e áreas de fraqueza produzidas em particular pelos movimentos tectónicos, a par do padrão rectangular de juntas e planos de estratificação, favorece a penetração e circulação das águas no subsolo que, regra geral, têm acesso possível apenas através de poços profundos.
Parto então com os meus colegas, guerreiros do mundo subterrâneo, esperando que os documentos resultantes desta expedição venham a contribuir para a valorização e potencialização do conhecimento do Património subterrâneo já existente e do que venhamos a encontrar, acrescentando ao mesmo tempo mais-valia cultural e económica à região em particular e à nossa espeleologia em geral.
Até à próxima postagem já em África, sigaaaa!!!