sexta-feira, 30 de maio de 2014

Património Subterrâneo da Arrábida Ocidental

A Gruta ou Lapa do Fumo
 
 
Planta e Perfis
 
A Gruta ou Lapa do Fumo é uma gruta classificada como Imóvel de Interesse Público pelo Decreto-lei 28/82 e corresponde a uma utilização humana ininterrupta ao longo de cerca cinco milénios. (Serrão, 1978).
 
Situa-se a 208m acima do nível médio das águas do mar, na Serra dos Pinheirinhos desenvolvendo-se sob rochas sedimentares do Jurássico - J²p, com aproximadamente 150 Ma (Manuppella et al, 1999). Ocupa uma área estimada de 565m² e tem um desnível máximo em relação à cota de entrada de -9,55m. A sua orientação preferencial é de 308º e o desenvolvimento principal estimado, em projecção horizontal, é de 91m segundo a orientação SE-NW.
 
É uma cavidade de perfil horizontal composta essencialmente por uma grande galeria fóssil que segue a orientação dos estratos calcários. A sua evolução estará por certo intimamente relacionada com as águas pluviais, coberto vegetal e manta morta que fez aumentar o CO² determinante para a dissolução da rocha calcária. Para além deste factor clássico que acontece na maioria das cavidades calcárias, outro factor terá necessariamente de se ter em conta, uma vez que só por si, poderá ter condicionado a evolução geo-histórico da gruta: o mar.
 
Apesar do perfil da cavidade parecer ser simples, a sua génese pode corresponder a um processo complexo, uma vez que, estando situada a poucos metros abaixo da Plataforma de Abrasão Marinha do Cabo Espichel, poderá ter sofrido com as variações dos níveis marinhos ocorridos durante o pliocénico, período em que o mar se situou a estas altitudes (Ribeiro et al, 1987). Assim, o elemento marinho pode ter contribuído para a evolução da cavidade, uma vez que, durante a sua regressão lenta para os níveis atuais, a água doce carregada de CO² terá actuado, dissolvendo a rocha exposta e alargando as fracturas e juntas de estratificação que a gruta ocupa.

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Património Subterrâneo da Arrábida Oriental XIII

Algar S. João do Deserto

Planta e Perfil

A Cavidade localiza-se junto ao bordo Sul da cabeça gorda - cabeço vizinho ao monte Formosinho, a Este - à cota de 421m. É uma cavidade do tipo algar - de desenvolvimento predominantemente vertical - que ocupa uma área estimada de 4,8m², possuindo um desnível máximo em relação à cota de entrada de -14,60m e um desenvolvimento estimado, em projeção horizontal, de 6m segundo a orientação S-N. Geologicamente encontra-se sob rochas sedimentares do Jurássico - J²p, com aproximadamente 150 Ma. (Manuppella et al, 1999).  

A sua génese parece ter resultado, primeiramente, de fenómenos tectónicos que geraram uma grande quantidade de falhas e outras fraturas geológicas. Os agentes geomorfológicos terão moldado o exocarso (superfície) gerando condições para que as águas pluviais se pudessem infiltrar na principal fratura que a gruta ocupa. Por sua vez, o húmus proveniente do coberto vegetal e os períodos frios que a serra atravessou, terão constituído fatores para que a água que atingiu o endocarso (interior), aí chegasse suficientemente ácida - enriquecida de CO² - o que provocou fenómenos de carsificação - conjunto de processos baseados na infiltração da água e na dissolução que esta provoca sobre as rochas - que alargaram e aprofundaram as fraturas.

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Refugio dos Homens Livres



A exploração do mundo Subterrâneo e o seu conhecimento constituem uma aventura sem fim.
A gruta é o último refúgio dos homens livres. Constitui o único sítio onde podemos voltar às origens e escapar, durante algumas horas, ao mundo moderno, constrangedor, condicionado e cheio de algazarra.
... Tudo está ordenado, o homem torna-se um robot; os seus actos são organizados, previstos. Já não há iniciativa, personalidade. A última raça de homens que gosta de pensar em silêncio, estará em vias de desaparecimento?

- Michel Bouillon, 1972-

terça-feira, 20 de maio de 2014

Património Subterrâneo da Arrábida Oriental XII

Algar das Aranhas
 
Planta e Perfil
 
A Cavidade localiza-se junto à EN 379-1, ao quilómetro 13.4, sobre o lado norte e à cota de 348m. É uma cavidade do tipo algar - de desenvolvimento predominantemente vertical - que ocupa uma área estimada de 35m², possuindo um desnível máximo em relação à cota de entrada de -14,80m. Tem um desenvolvimento estimado, em projeção horizontal, de 14m segundo a orientação S-N. Geologicamente encontra-se sob rochas sedimentares do Jurássico - J²p, com aproximadamente 150 Ma.  (Manuppella et al, 1999).
 
A sua génese parece ter resultado, primeiramente, de fenómenos tectónicos que geraram uma grande quantidade de falhas e outras fraturas geológicas. Os agentes geomorfológicos terão moldado o exocarso (superfície) gerando condições para que as águas pluviais se pudessem infiltrar na principal fratura que a gruta ocupa. Por sua vez, o húmus proveniente do coberto vegetal e os períodos frios que a serra atravessou terão constituído fatores para que a água que atingiu o endocarso (interior) aí chegasse enriquecida de CO², suficientemente ácida para provocar fenómenos de carsificação - conjunto de processos baseados na infiltração da água e na dissolução que esta provoca sobre as rochas - que alargaram e aprofundaram as fraturas que o algar ocupa.

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Património Subterrâneo da Arrábida Oriental XI

Lapa de Alpertuche 
Planta e Cortes

A Lapa situa-se ao nível do oceano e tem um desnível máximo em relação à cota de entrada de +3,00m, ocupa uma área com cerca 297m² e o seu desenvolvimento principal estimado, em projeção horizontal, é de 33m segundo as orientações SW-NW. Geologicamente assenta sob Biocalcarenitos Miocénicos com idades aproximadas de 15 Ma.
 
A sua génese terá emanado de dois fenómenos diferentes e sobrepostos. O primeiro é referente à carsificação - conjunto de processos baseados na infiltração da água e na dissolução que esta provoca sobre as rochas - que resultou no alargamento da fratura principal. O segundo está intimamente ligado a manifestações das fases de evolução da dinâmica litoral, ocorridas durante o período glaciar Würm - iniciado há cerca de 110 000 anos e terminado há cerca de 10 000 anos (PAIS, J.; LAGOINHA, P., 2000).  A ação de transgressão marinha terá, devido às ações químicas e mecânicas exercidas pelo mar, resultado no entalhamento basal sobre uma junta de estratificação alargando-a.

quinta-feira, 8 de maio de 2014


No Cabo Espichel; Gruta da Grande Falha

...ou Furna dos Segredos

 
A Gruta da Grande Falha ou Furna dos Segredos corresponde ao processo mais clássico de formação de grutas marinhas – formam-se em zonas de arriba onde a acção erosiva/abrasiva do mar vai desgastando os estratos (camadas) geológicos mais brandos e com menos resistência à erosão.
 
Trata-se de uma caverna de origem em processos agrupados em marinhos cársicos, graviclásticos e de biocenose (Crispim et all, 2001). Todos estes processos actuaram ao longo do tempo em fases distintas e noutras em simultâneo, à medida que se foram dando enormes variações na linha de costa – transgressões e regressões do nível do mar nos períodos glaciares e interglaciares.

terça-feira, 6 de maio de 2014

Património Subterrâneo da Arrábida Oriental X

Gruta das Feiticeiras ou Lapa dos Morcegos


Planta e Cortes

A Cavidade situa-se à direita da EN 379-1, que vai de Outão para o Portinho da Arrábida, à cota de 44m. Possui uma ampla entrada orientada para Este e ocupa uma área aproximada de 320m² sendo o seu desenvolvimento principal estimado de 54m, segundo as orientações E-W e S-N. O seu desnível máximo em relação à cota de entrada é de -8,76m, desenvolvendo-se geologicamente sob rochas sedimentares do Jurássico - J²p, com aproximadamente 150 Ma. (Manuppella et al, 1999).

A  sua génese poderá ter resultado da estrutura intensamente fraturada e cortada por uma grande quantidade de falhas que definem uma estrutura em dominó - o anticlinal do Formosinho (Manuppella et al, 1999). Devido à tectónica, o afastamento de dois estratos terá criado um amplo espaço que se prolonga por cerca de 40m. Posteriormente, a carsificação terá atuado na dissolução das rochas alargando uma série de outras fraturas que acabaram por compor todo o conjunto cavernícola.