Património Subterrâneo da Arrábida Oriental XV
Gruta do Soprador do Monte Abraão
Planta e Cortes
A entrada da gruta situa-se a cerca de
206m de altitude desenvolvendo-se sob rochas sedimentares do Jurássico - J²p,
com aproximadamente 150 Ma (Manuppella et
al, 1999). Ocupa uma área estimada de 165m² e tem um desnível máximo em
relação à cota de entrada de -20,00m. O desenvolvimento principal estimado, em
projeção horizontal, é de 33m segundo a orientação SW-NE.
A sua génese parece ser muito
condicionada pela tectónica e pela fracturação a ela associada, sendo que a sua
evolução em profundidade (endocarso) ou carsificação, está intimamente
relacionada com as águas pluviais, coberto vegetal e manta morta à superfície,
que faz aumentar o CO² determinante para a dissolução da rocha calcária e para
o alargamento das fraturas presentes.
Não menos importante é o facto de a
gruta se situar a uma cota inferior a 220m, aspeto que pode indicar que tenha
sofrido com as variações dos níveis marinhos ocorridos durante o pliocénico,
altura em que o mar atingiu estas altitudes e foi responsável pela formação da
superfície de abrasão marinha do Cabo Espichel (Ribeiro et al, 1987). Assim, e tal como nas outras cavernas situadas a
cotas semelhantes, o mar, durante a sua regressão lenta para os níveis atuais,
poderá ter contribuído para o alargamento da cavidade, uma vez que a água doce
carregada de CO² se terá depositado sobre a água salgada devido à sua densidade
- erodindo e dissolvendo as fraturas e rocha exposta, através de processos
químicos e mecânicos.
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