terça-feira, 24 de junho de 2014

Património Subterrâneo da Arrábida Oriental XV

Gruta do Soprador do Monte Abraão

Planta e Cortes
 
A entrada da gruta situa-se a cerca de 206m de altitude desenvolvendo-se sob rochas sedimentares do Jurássico - J²p, com aproximadamente 150 Ma (Manuppella et al, 1999). Ocupa uma área estimada de 165m² e tem um desnível máximo em relação à cota de entrada de -20,00m. O desenvolvimento principal estimado, em projeção horizontal, é de 33m segundo a orientação SW-NE.
 
A sua génese parece ser muito condicionada pela tectónica e pela fracturação a ela associada, sendo que a sua evolução em profundidade (endocarso) ou carsificação, está intimamente relacionada com as águas pluviais, coberto vegetal e manta morta à superfície, que faz aumentar o CO² determinante para a dissolução da rocha calcária e para o alargamento das fraturas presentes.
 
Não menos importante é o facto de a gruta se situar a uma cota inferior a 220m, aspeto que pode indicar que tenha sofrido com as variações dos níveis marinhos ocorridos durante o pliocénico, altura em que o mar atingiu estas altitudes e foi responsável pela formação da superfície de abrasão marinha do Cabo Espichel (Ribeiro et al, 1987). Assim, e tal como nas outras cavernas situadas a cotas semelhantes, o mar, durante a sua regressão lenta para os níveis atuais, poderá ter contribuído para o alargamento da cavidade, uma vez que a água doce carregada de CO² se terá depositado sobre a água salgada devido à sua densidade - erodindo e dissolvendo as fraturas e rocha exposta, através de processos químicos e mecânicos.

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