domingo, 20 de abril de 2014

Não Tardará....

 
Gruta da Utopia
Para ser espeleólogo é preciso ter uma certa personalidade, o que muitas vezes torna difíceis as relações entre indivíduos ou grupos de indivíduos, que, no entanto, são animados de um mesmo ideal, de um mesmo desejo. Os grupos espeleológicos são muitas vezes competidores- quantas bulhas por um buraco! Dão-se guerras entre «tribos», guerras esgotantes e ridículas, que se saldam apenas em prejuízo da espeleologia.

A boa harmonia é indispensável. Não falo de uma harmonia oficial, baseada em regulamentos, arbitragens de uma federação qualquer, mas de um acordo cortês entre homens que prosseguem o mesmo objectivo, amam e respeitam as mesmas coisas. Respeitando as grutas, respeitam-se os colegas e salva-se a espeleologia.

Dos organismos privados, os poderes públicos só esperam uma coisa: que a anarquia domine a espeleologia. Que a pilhagem e a destruição das cavernas se agravem ainda mais.

Numerosas grutas foram já encerradas. As reservas estão agora em moda. Cada qual apressa-se a encontrar um pretexto para proibir a entrada na sua gruta: reserva biológica, gruta sob protecção oficial, reserva cristalográfica, pré-histórica, climática (enfim, uma infinidade de pretextos).

Não tardará que estas reservas estejam fechadas aos espeleólogos porque a maioria das grutas nestas condições são reservadas por pessoas que não têm nenhuma atracção pela espeleologia, nenhum amor pela gruta, mas têm, em compensação, interesses pessoais a salvaguardar.

 (Bouillon, Michel- Descoberta do Mundo Subterrâneo, Livros do Brasil, Lisboa, 1972).

1 comentário:

  1. Espero sinceramente que isso não aconteça. São cada vez mais os "apaixonados" por esta forma de também fazer turismo, enquanto se aprende e conhece melhor o nosso passado mas também o nosso interior. São pessoas como tu amigo, que me atraíram para estas novas aventuras. Muitas mais haverá... Grande abraço!

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