No primeiro fim-de-semana de Agosto de 2007, bem descansados, tomamos um pequeno percurso de pé posto, no início desse vale, alcançando o nosso objectivo cerca de 3km depois na entrada da Rubicera.
As duas cavidades têm as entradas a cotas similares e ainda há pouco tempo a ligação entre estas, fazia-se descendo a uma profundidade de -400m para voltar de novo a subir e retomar a travessia.
Entramos logo em grandes salas que se ligavam entre si através de caos de blocos, depois meandros, zonas labirínticas e uma porra de um lago que atravessamos com a água pela cintura.
A distância percorrida até aí já era considerável e apesar do choque térmico, mantivemo-nos sempre em movimento até a uma segunda zona alagada que, para o qual, tínhamos preparado uns pequenos flutuadores para a atravessar.
Esse facto fez com que diminuísse-mos em muito a carga logística para dentro da gruta, caso contrário, teríamos sempre que levar fatos de neopreme devido à temperatura e profundidade da água, o volume destes a transportar seria altamente inconveniente.
Entramos na água e, talvez devido à soma do nosso peso com a carga que transportávamos às costas, houve flutuadores que não resultaram, o meu foi um deles.
Tive de atravessar a extensão de água com ela até ao pescoço, era tão gelada que me pareciam estalar os ossos.
Ainda faltava mais de uma hora e meia para alcançar a saída quando chegamos a uma sequência de cabos tecnicamente muito difíceis de transpor. Havia muito desgaste físico em nós e as paredes completamente lisas e escorregadias exigiram esforço extra, numa acção de maior exigência física, um de nós esgota temporariamente e tivemos todos que parar.
Este facto para mim foi terrível. Estava suspenso num corrimão e já não sentia o corpo com o frio, comecei a ter cãibras e a determinada altura três dedos da mão esquerda fecharam involuntariamente no cabo que estava a segurar, com a mão direita tive de os forçar a abrir para poder sair dali.
Estava a entrar em hipotermia, por nada podia estar parado, então tive de continuar com outro colega e abandonar os outros. Fizemos o resto do percurso, uma hora, sem auxílio a topografia, seguíamos as estações topográficas marcadas na gruta e quando tínhamos duvidas, um de nós ficava no sítio indo o outro encontrar o percurso certo, a certa altura…enfim luz!
Números impressionantes!
Sistema Mortillano.
A 4 de Maio de 2008, vários membros de la Agrupación Espeleológica Ramaliega, conseguem unir os sistemas de Garma Ciega – Cellegua com o Mortero de Astrana – Rubicera.
O resultado da união de ambos os sistemas passou-se a chamar “Sistema Mortillano”, o qual possui, agora, 103.000m de desenvolvimento, um desnível de -848m, 18 bocas de entrada, 4 grandes poços no seu interior, de 340, 266, 260, e 180m e é atravessado por 7 rios!
Neste momento é a segunda maior cavidade de toda a Espanha prevendo-se que muito em breve passe a ser mesmo a primeira.
Glup*
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